Há uma relação direta entre empreendedorismo e saúde mental. Administrar o próprio negócio não é tarefa fácil e, muitas vezes, quem está à frente da empresa sofre com problemas como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Existem inúmeros fatores que contribuem para abalar as emoções de quem optou pelo empreendedorismo. A pressão por resultados, as horas de sono trocadas pelo trabalho, a preocupação com o retorno financeiro e a ânsia de fazer tudo acontecer rápido e sem erros… Tudo isso, se não for manejado da maneira correta, pode acabar gerando prejuízos à saúde física e mental.
Cuidar do seu bem-estar, portanto, deve ser o primeiro passo se você deseja ter sucesso no seu negócio. Confira, ao longo deste artigo sobre empreendedorismo e saúde mental, tudo o que é necessário saber sobre o assunto para evitar problemas mais graves.
Um estudo da Harvard Business Review realizado em 2018 com mais de 200 empreendedores americanos apontou que pelo menos 25% deles tinham pelo menos um início de burnout.
Já de acordo com a pesquisa “Saúde mental das pessoas que empreendem no Brasil frente à pandemia da Covid-19”, realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Troposlab, por volta de 3 milhões de empreendedores brasileiros têm sintomas severos de estresse, ansiedade e depressão.
Dados como estes revelam uma triste realidade que acompanha quem decide ter um negócio, seja no Brasil ou em outros lugares do mundo.
Por conta da insegurança, principalmente no início de um projeto, pessoas empreendedoras costumam ficar mais suscetíveis ao estresse, à fadiga e à ansiedade.
A depressão também é uma grande inimiga do empreendedorismo, pois costuma aparecer diante de cenários imprevistos ou períodos de dificuldade financeira pelos quais empresários – sejam estes donos de pequenos ou grandes negócios – estão sujeitos a passar.
Assim, a relação entre empreendedorismo e saúde mental é bastante próxima, estando o dono de um negócio, de certa forma, dependente da fluidez e da qualidade das suas emoções para atingir suas metas e realizar seus projetos. Por isso, antes de se jogar nessa empreitada, é preciso se preparar o máximo possível, estudar e procurar ter clareza sobre os principais desafios que serão enfrentados.
Várias questões têm o poder de influenciar de forma negativa na saúde mental de quem empreende. Ter consciência sobre esses riscos é um primeiro passo importante para cuidar do seu bem-estar.
Confira quais são os principais fatores que ligam empreendedorismo e saúde mental:
Diferente de quem tem um emprego fixo, com salário na data marcada, e todos os direitos e benefícios que lhe são assegurados, o empreendedor precisa lidar com uma ausência de garantias, principalmente financeiras.
Afinal, nem todo retorno dependerá exclusivamente do esforço colocado para fazer o negócio dar certo. Existem muitas variáveis que envolvem o empreendedorismo e determinam o sucesso – ou não – de quem segue esse caminho.
Essa sensação de vulnerabilidade e incertezas constante sobre o futuro é responsável por causar ansiedade em muitos empresários, principalmente aqueles que estão na fase inicial de um projeto.
Junto do empreendedorismo vem uma enorme lista de responsabilidades que recaem sobre quem opta por ser dono do próprio negócio. A lista de tarefas de um empreendedor, que nem sempre pode delegar funções à equipe, é infinita, e isso costuma gerar uma carga alta de estresse.
Quando toda essa responsabilidade não é bem administrada, o empreendedor fica mais propenso à estafa mental e a uma sobrecarga emocional que reflete na realização do trabalho e no sucesso do empreendimento.
“Você é a sua empresa”.
Esta afirmação é bastante dita no mundo dos empreendedores e costuma fazer com que empresários acabem perdendo a sua identidade pessoal em troca da identidade corporativa.
Esse comportamento tende a gerar um vazio existencial e a fazer com que o empreendedor abdique de seus gostos e rotina enquanto “pessoa física” em nome do trabalho. Por não conseguir se dissociar da figura que representa uma marca, pode desenvolver uma crise de identidade.
Por conta de toda a dedicação necessária para fazer um novo negócio decolar, é bastante comum que o empreendedor gaste mais horas do dia no trabalho, perdendo momentos em família e eventos de fim de semana com os amigos.
Assim, o isolamento social acaba sendo uma consequência não planejada, que é capaz de afetar substancialmente a saúde mental de quem é dono da própria empresa.
Também é bastante comum que os microempreendedores individuais (MEIs) trabalhem sozinhos, o que faz com que percam o vínculo com colegas e acabe sendo gerado um sentimento de solidão e tristeza pela falta de contato com outras pessoas.
Apesar de contar com um sistema público de saúde, o Brasil ainda não consegue atender toda a demanda de forma adequada.
Quando se fala em saúde mental o caso é ainda mais grave, já que não existem psicólogos e psiquiatras disponíveis para toda a população gratuitamente. Sem contar que não há uma campanha efetiva de divulgação sobre a importância do cuidado com as emoções.
A realidade é que, infelizmente, o empreendedorismo esbarra na ausência (ainda que momentânea) de benefícios como o plano de saúde, que empregados com carteira assinada costumam possuir.
E como no início de um negócio os recursos financeiros tendem a ser mais escassos, grande parte dos empreendedores não contratam um plano de saúde e não acham que precisam investir dinheiro nisso, ainda que saibam da necessidade de cuidar das emoções e buscar tratamento.
Cada caso é um caso, não podemos generalizar. No entanto, há alguns sinais comuns que surgem quando a saúde mental de uma pessoa não vai bem. São eles:
Lembrando, é claro, que apenas um médico psiquiatra está apto para realizar um diagnóstico adequado. Portanto, nunca tome nenhuma decisão de tratamento por conta própria.
Empreender, principalmente na fase inicial, sempre será um grande desafio.
Se este é o caminho que faz sentido para você, é importante se atentar àquilo que pode ser feito no seu dia a dia para evitar prejuízos para a saúde mental.
Confira as principais estratégias que visam a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida:
Esta dica é válida para qualquer pessoa em diferentes momentos de vida. No caso de quem é dono de um negócio, nada melhor do que buscar formas de se conhecer melhor, entender as suas emoções, gatilhos de estresse e quais são as suas fontes de realização.
O autoconhecimento é até mesmo muito valioso para ter clareza, ao longo da jornada empreendedora, se o sonho ainda está fazendo sentido mesmo diante das dificuldades.
Esse é o melhor caminho para ter consciência sobre quando você está se sentindo sobrecarregado, ansioso ou deprimido para, assim, poder tomar as ações necessárias e evitar problemas ainda maiores.
Existem várias formas de aprofundar o autoconhecimento, sendo uma delas a psicoterapia, sobre a qual falaremos com mais detalhes adiante. O acompanhamento contínuo de um psicólogo é uma ótima maneira de criar um compromisso semanal de autocuidado.
Definir limites é uma das tarefas mais difíceis, mas também é essencial para evitar o equilibrar empreendedorismo e saúde mental de forma saudável.
Para isso, vale criar um contrato consigo mesmo em que você estabelece limites diversos, inclusive em relação a aspectos básicos, como horários de trabalho.
Todas as definições em conjunto irão contribuir para a manutenção da saúde mental, promovendo um dia a dia muito mais saudável.
Para empreender, é preciso ser organizado, disciplinado e responsável. Se você enfrenta dificuldades para gerir o seu tempo, procure investir no desenvolvimento dessa habilidade.
Diante de tantas tarefas que precisam ser executadas, se você não conseguir administrar a sua agenda de maneira inteligente vai acabar se sentindo sobrecarregado.
Uma dica aqui é utilizar a Técnica Pomodoro para manter o foco nas atividades e conseguir executar tudo o que é prioridade sem precisar sacrificar a sua saúde física e mental.
Não é incomum que os empreendedores se sintam mais solitários em alguns momentos. A trajetória é desafiadora e, nos casos em que há sobrecarga de trabalho, muitas vezes os momentos de lazer com os amigos e familiares são deixados de lado.
Contar com uma rede de apoio é fundamental para ter com quem conversar sobre os desafios, inseguranças e conquistas. Caso considere necessário, outra dica valiosa é buscar um mentor ou participar de grupos de empreendedores para compartilhar experiências.
Muitas pessoas enfrentam grandes dificuldades para falar uma palavrinha simples: “não”.
O excesso de horas de trabalho pode ocorrer justamente porque quem empreende às vezes se sente na obrigação de aceitar todos os compromissos e reuniões, sem conseguir organizar a agenda e gerenciar o tempo de maneira eficaz.
Preservar a saúde mental passa por saber priorizar e, para isso, é necessário conseguir falar “não” em alguns momentos.
Os erros vão acontecer ao longo da trajetória empreendedora, é impossível evitá-los completamente. Se você desabar toda vez que algo não sair conforme o planejado, será muito difícil levar o negócio adiante.
A melhor forma de lidar com os fracassos é cultivando a resiliência e procurando desenvolver um olhar de aprendizado, afinal, sempre é possível extrair algo bom até mesmo dos equívocos.
As atividades físicas não são importantes apenas para a saúde física, mas para a mental também.
Muitos estudos sobre o assunto já revelaram que a prática regular de exercícios contribui para a autoestima, o humor e até para dormir melhor.
Ao realizar atividades físicas, são liberados neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina, que estão associados ao melhor funcionamento do sistema nervoso central. Além de melhorar o bem-estar, ajuda na prevenção de sintomas de depressão, ansiedade, entre outros transtornos.
A psicoterapia tem um papel fundamental na manutenção do bem-estar mental de qualquer indivíduo e previne o desenvolvimento ou agravamento de transtornos como depressão, ansiedade, síndrome de burnout, entre outros.
As sessões, que normalmente são semanais, são um espaço no qual o empreendedor pode expor as suas inseguranças e dilemas sem julgamentos. O psicólogo, por sua vez, é um profissional capacitado para acolher todas as questões e apoiar o paciente por meio de técnicas cientificamente reconhecidas.
O objetivo não é apenas desabafar, mas entender padrões de comportamento, gatilhos de estresse e traçar estratégias para resolver os problemas que forem levantados ao longo das sessões.
Além disso, dois pontos são importantes…
Um deles é o fato de que a psicoterapia não é a mesma coisa que o coaching. São modelos teórico-científicos bem diferentes, assim como a formação acadêmica do profissional que conduz cada processo.
O outro ponto é que fazer psicoterapia não significa que você, necessariamente, tem transtornos mentais e é uma pessoa com problemas mal resolvidos. A psicologia é uma ciência que foi estudada e desenvolvida para apoiar todo ser humano a alcançar o bem-estar e maior qualidade de vida.
Você pode, portanto, procurar o suporte de um psicólogo em situações de conflitos internos, indecisões, vulnerabilidades ou inseguranças. E vamos combinar que todo empreendedor passa por isso em algum momento, não é mesmo?
Existem diversas abordagens e técnicas dentro da psicoterapia. Se você sente que precisa de um acompanhamento contínuo desse tipo, conte com a Vittude para encontrar o melhor profissional para trabalhar as suas questões. Acesse o nosso site e confira!
Mais uma vez, o Brasil sai na frente e se torna referência mundial no apoio…
Entenda o que é a tristeza profunda, como diferenciá-la da depressão e confira estratégias de…
Aprender como lidar com a tristeza é fundamental para construir uma vida mais saudável e…
Entenda o que é a motivação e quais fatores internos e externos influenciam essa força…
Os exercícios de mindfulness são uma ótima estratégia para encontrar um pouco de paz, silêncio…
Entenda como saúde mental e qualidade de se relacionam e confira hábitos que você deve…